Depois de consolidar sua carreira no funk, samba e pagode, Ludmilla prepara o lançamento de um álbum inteiramente inspirado no R&B, gênero que ela escolheu para explorar novas formas de falar sobre sentimentos com sonoridades diferentes.

Em entrevista à Elle Brasil, a cantora revelou que buscou referências diretamente nos Estados Unidos, trabalhando com produtores renomados e focando na performance ao vivo. O projeto traz músicas em português e inglês, marcando um momento de internacionalização que ganhou força após sua apresentação no festival Coachella 2024.

R&B na visão de Ludmilla: um desafio e uma vontade antiga

Ludmilla explicou que a escolha pelo R&B não foi aleatória. “Eu gosto de falar de sentimento de várias maneiras, com várias sonoridades. E esse álbum permite isso. Fui para os Estados Unidos beber da fonte do R&B, trabalhar com produtores que já gravaram grandes nomes.” Ela destaca que a sonoridade do álbum foi pensada para o palco, com melodias que prometem impacto ao vivo e coreografias planejadas para acompanhar as faixas.

Apesar de o R&B não ser um gênero dominante no Brasil, Ludmilla acredita que o público está preparado para o novo trabalho. “As pessoas aqui acham que R&B é só música lenta. Mas Beyoncé já fez R&B, a Rihanna também, até o Justin Bieber. No Numanice, sempre compus as músicas em formato R&B e depois adicionávamos a percussão do pagode. Deu supercerto. Então, acho que meu público tá preparado pra receber esse trabalho.”

O novo álbum também traz uma mistura mais evidente de inglês e português nas letras, algo que Ludmilla já vinha fazendo discretamente em trabalhos anteriores. “Sempre fiz isso, só que ninguém percebia. Mas agora tô cantando estrofes, refrões inteiros em inglês. Tá bem interessante!” A artista comenta que o inglês sempre foi um desafio e que, apesar de até ter virado meme por errar, ela se dedicou muito para entregar o melhor resultado.

Internacionalização sem barreiras

A experiência do show no Coachella 2024 representou uma virada para Ludmilla, que vê sua carreira sem divisões entre Brasil e exterior. “Não existem duas carreiras, uma aqui e outra lá. Existe uma carreira em que a gente trabalha duro e ponto. Hoje, com a internet, ficou mais fácil atingir outros públicos e nichos.”

Ela também falou sobre a amizade com artistas do R&B internacional, como Kehlani e Victoria Monét, e a crescente presença em eventos fora do país. “Depois que eu fiz o show no Coachella, comecei a ser contratada para mais festivais fora do país. A minha intenção é só expandir, ultrapassar fronteiras”, disse.

Liberdade e representatividade

À Elle, Ludmilla falou abertamente sobre os desafios enfrentados para assumir publicamente seu relacionamento com Brunna, enfrentando preconceitos e perdas no mercado publicitário. “Eu tive que esconder meu relacionamento por dois anos. Era duro porque, quando você ama uma pessoa, só quer ser feliz e livre. Perdi patrocinadores quando assumi a Bru, mas foi essencial porque minha vontade de ser livre era maior do que qualquer preconceito”, contou.

Ela reforça que sua personalidade extrovertida e brincalhona, visível nas redes sociais, faz parte do que conquistou seu público e que não tem vergonha dos memes que viralizaram com momentos pessoais.

Recentemente mãe de primeira viagem, Ludmilla falou sobre como a chegada da filha Zuri mudou suas perspectivas. “Zuri é o maior presente, a maior coisa que já aconteceu na minha vida. Estou o tempo todo imaginando como vai ser criar e como vou me sair.”

Legado e futuro: revolucionar a música e inspirar mulheres

Por fim, Ludmilla revelou como gostaria de ser lembrada. “Como uma cantora que revolucionou, que incentivou mulheres a serem livres e quem são, uma mulher destemida que fazia o que tinha vontade”, refletiu.

Ela lembra ainda que, em um momento de transformação na indústria, foi a primeira brasileira a bater 1 bilhão de streams, assumindo o papel de liderança para encorajar outros artistas.