O cenário geopolítico mundial ganhou novos contornos com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e a consolidação de Xi Jinping como líder máximo da China, acirrando uma nova guerra econômica entre as duas maiores potências globais.
No centro desse conflito de interesses está o Japão, tradicional aliado americano e importante parceiro comercial chinês.
Essa disputa, antes restrita ao campo diplomático, avança agora para o terreno econômico — e o Brasil se vê diretamente afetado por esse jogo de forças.
Economia como arma de influência
Desde que voltou à Casa Branca, Trump retomou sua política externa agressiva e protecionista, intensificando a guerra econômica contra a China como ferramenta de influência global.
Entre as suas primeiras ações, o presidente dos EUA pressionou aliados, especialmente o Japão, a reduzirem relações comerciais com a China e aumentarem investimentos em defesa sob supervisão americana.
A resposta chinesa veio rápido. Xi Jinping ampliou a presença econômica no sudeste asiático e na América Latina, onde o Brasil se destaca como um dos principais alvos estratégicos de Pequim. O objetivo: reduzir a dependência dos mercados japonês e norte-americano, buscando novos parceiros para suas commodities e investimentos.
Oportunidades para o Brasil
No meio dessa disputa, o Brasil pode encontrar oportunidades importantes:
Expansão das exportações: produtos brasileiros como soja, carne, minério de ferro e petróleo ganham espaço no mercado asiático, diante das tensões entre Japão e China;
Investimentos em setores estratégicos: empresas japonesas e chinesas buscam alternativas menos expostas às tensões bilaterais. O Brasil surge como opção atrativa para investimentos em energia limpa, agronegócio de alta tecnologia e infraestrutura;
Avanço no mercado asiático: com a retração de companhias americanas e japonesas em determinados setores, empresas brasileiras podem ocupar nichos importantes no comércio com a Ásia.
Riscos e desafios no jogo de gigantes
Por outro lado, o Brasil também enfrenta riscos nesse novo cenário:
Instabilidade cambial: tensões comerciais e políticas afetam as moedas internacionais, causando flutuações no real. Isso interfere diretamente no preço de importações e exportações;
Dependência tecnológica: caso a disputa comprometa cadeias de produção de semicondutores e tecnologia, o Brasil — que importa esses produtos — pode sofrer com a elevação de preços e a escassez;
Pressão política e comercial: Trump já sinalizou retaliações a países que estreitarem relações econômicas com a China. O Brasil precisará equilibrar sua política externa para não comprometer os laços com Washington e, ao mesmo tempo, manter a boa relação com Pequim e Tóquio.
Uma nova posição no tabuleiro global
A disputa entre Trump e Xi Jinping coloca o Japão em situação delicada e, ao mesmo tempo, abre novas oportunidades e desafios para países emergentes como o Brasil. Mais do que nunca, o Brasil precisa se posicionar estrategicamente, evitando alinhamentos cegos e buscando vantagens em meio às brechas geradas por essa guerra de influência econômica.
Se bem aproveitado, esse momento pode transformar o Brasil em um parceiro comercial indispensável para os dois lados. Mas se mal administrado, o país corre o risco de sofrer com instabilidades econômicas, políticas e comerciais.
No mundo cada vez mais volátil de 2025, até as tensões entre superpotências podem, direta ou indiretamente, mexer no bolso e no futuro dos brasileiros.